segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A questão da soberania cultural e a defesa dos direitos humanos

Culturas diferentes devem ser sempre respeitadas. Mas, e se determinada cultura adota práticas bárbaras, inaceitáveis no século XXI? Deve haver a interferência da comunidade global ou a indiferença e o respeito à autonomia cultural de cada nação?
É notório o avanço do Brasil no campo diplomático durante o governo Lula. Nunca fomos tão respeitados no cenário internacional e tivemos, inclusive, nosso presidente sendo chamado de “o cara” por Barack Obama. Cultivamos, nestes últimos anos, a imagem de um país que dialoga com todos, inclusive com governantes totalitários, como os ditadores Kadafi, da Líbia e Ahmadinejad, do Irã, além de Hugo Chávez e sua turma no bloco sul-americano.
Por um lado, isto é bom, considerando as pretensões do Brasil de se tornar membro do Conselho de Segurança da ONU, pois, mantendo sempre boas relações, nosso país se destaca como um forte mediador entre nações de ideologias distintas.
Porém, até que ponto é válida essa política de diálogo irrestrito, que acaba legitimando governos que violam os direitos humanos e que possuem práticas que ameaçam a estabilidade mundial?

Além disso, agindo assim, o Brasil, muitas vezes, contraria potências como os EUA. Um exemplo disso foi o fracasso da tentativa brasileira de evitar sanções ao Irã, devido ao seu programa nuclear. Muitos especialistas consideraram que o presidente Lula errou ao entrar em uma questão muito complicada, cujas chances de sucesso eram bastante remotas.
O fato mais recente é a da condenação por apedrejamento da iraniana Sakineh, acusada de adultério. A cultura no Irã e as leis que lá prevalecem são dignas da Idade Média. Nosso presidente, aproveitando-se da amizade com Ahmadinejad, pediu que Sakineh fosse transferida para o Brasil, o que não foi aceito. Apesar dessa atitude, Lula afirmou que é preciso levar em consideração a legislação e a soberania de cada país.

O mundo deve sim pressionar para que a mentalidade de determinadas culturas evolua, para que os direitos humanos sejam respeitados. É muito difícil mudar conceitos arraigados por séculos de tradição e alimentados por radicalismos religiosos, porém a comunidade internacional deve rejeitar atitudes como essa. Nesse caso, acima do respeito à cultura alheia, deve prevalecer o bom senso e o lado humanitário.
Na globalização em que vivemos, é triste perceber o quanto certas sociedades permanecem “fechadas em seus casulos”, sem procurar fazer parte dessa nova realidade. É claro que a identidade cultural de cada país deve ser preservada, mas isso não impede que haja uma evolução de pensamento. Levar uma cultura para outros lugares é extremamente necessário, pois assim os diversos conhecimentos são distribuídos.
Portanto, não devemos aceitar certas práticas de sociedades que não progrediram, que matam e torturam seres humanos baseadas em fundamentalismos irracionais. A verdade de quem não procura conhecer as outras verdades é sempre errada.

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