terça-feira, 23 de março de 2010

XADREZ


Mais um dia. As pessoas se mexendo como peças de xadrez.
Avançando e recuando, avançando e recuando...
Pura estratégia.
As peças mais fracas são engolidas com uma naturalidade fria.
Jogo é jogo.
As mentes mais fortes ditam cada jogada.
Existem as peças suicidas também.
Estas agem por impulso, se aproximam muito do inimigo, sem obedecer as ordens racionais do jogo que jogam.
São as que conseguem as vitórias mais impossíveis e as derrotas mais humilhantes.
Um Rei sempre se blinda do perigo, mas deve passar a impressão de que se sacrificaria a qualquer hora pelos seus súditos.
Um blefe ideológico que traz sustentação ao poder.
A maioria das peças precisa de um líder para dizer qual é o seu próximo passo.
O inimigo tenta trazer para o seu lado as mais fáceis.
Joga-se por jogar, em um ciclo contínuo.
A vida é um jogo de xadrez que nunca acaba.
Pessoas caem e outras novas surgem no tabuleiro.
Quem não quer jogar apenas observa as pessoas se mexendo como peças de xadrez.
Avançando e recuando, avançando e recuando...

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sexta-feira, 19 de março de 2010

"Sejamos realistas, peçamos o impossível"

Mobilização popular é algo fundamental para que as mudanças ocorram.
A história nos mostra isso. Ir para as ruas protestar sempre foi eficaz, quando o resultado não foi imediato, serviu para plantar uma semente importante para mudanças futuras.
Os estudantes sempre foram peça-chave nesses processos. No "Maio de 68" na França, os estudantes, principalmente os da Sorbonne, liderados por Daniel Cohn-Bendit, montaram barricadas no Quartier Latin para exigir mudanças no ensino e questionar os valores da sociedade francesa.
As manifestações tomaram proporções assustadoras, contando com inúmeras greves de estudantes e trabalhadores. O Maio francês foi sufocado, mas foi um fator determinante para a saída de De Gaulle do poder no ano seguinte.


No mesmo ano de 68, os estudantes brasileiros iam às ruas para lutar contra a ditadura instalada no país. A manifestação mais expressiva foi a "Passeata dos Cem Mil". Ela foi inflada pela revolta com a morte do estudante Edson Luís na invasão do Calabouço, apenas um dos fatos lamentáveis ocorridos no período, assim como o incêndio do prédio da UNE e o "Massacre da Praia Vermelha".
Vladimir Palmeira, hoje deputado federal pelo PT, e Franklin Martins, hoje ministro da Comunicação Social do governo Lula, eram dois dos mais importantes líderes do movimento estudantil.


Depois veio o início da abertura política com Figueiredo, a força dos trabalhadores com o PT, o "Diretas Já", a democratização, o "Fora Collor", a estabilização econômica e política com FHC, culminando com a consolidação democrática e o crescimento do nosso país com Lula.
O PT, enfim, chegou ao poder. E o poder mudou o PT.
Figuras de caráter inquestionável (Gabeira, Marina Silva, Chico Alencar e Heloísa Helena) perceberam que o PT não era mais o partido de esquerda incorruptível de antes. Quem hoje vê José Dirceu e José Genuíno flagrados em atos de corrupção se sentem traídos, já que estes, quando não estavam no poder, sempre levantaram a bandeira da ética.


Em troca da governabilidade (o presidente depende do Congresso para governar), acordos devem ser feitos. Mas a ideologia do partido e do presidente devem estar acima de tudo. Muitos políticos acabam se sujando em busca do poder. Política é assim. E é por isso que o povo, e os estudantes, devem estar sempre fiscalizando a conduta de nossos representantes.
Que sigamos o exemplo de tantas gerações que fizeram valer a sua voz e conquistaram tudo o que temos hoje.

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sexta-feira, 12 de março de 2010

Política externa do governo Lula

O governo Lula apresenta uma interessante política externa.
O objetivo é claro: incluir o Brasil no grupo de países mais influentes do mundo e, assim, conseguir a tão sonhada vaga no Conselho de Segurança da ONU. Para tal, inúmeras medidas foram realizadas, especialmente nesse último mandato.
A participação do nosso exército na pacificação do Haiti (e após o terremoto, na restauração) é um destes feitos. Mostrar envolvimento e participação ativa em ajuda externa é importante para quem quer obter níveis mais importantes nos organismos internacionais.

Outra questão que pode ser citada é em relação ao FMI. O Brasil, de devedor passou a credor. Como o próprio Lula diz “nunca antes na história deste país” vimos algo assim. Representou a quebra de uma herança maléfica.
Porém, o mais importante é a característica da nossa diplomacia. Não possuímos relações estremecidas com nenhum país, embora tenha havido motivos para tal (vide o caso da nacionalização, pela Bolívia, do gasoduto da Petrobras). Mantemos diálogo aberto com presidentes altamente questionáveis, como o do Irã e da Líbia, mesmo contrariando a opinião de potências como os EUA.
Isso é importante, pois nos coloca como um país dialogador com todos, o que nos tornou o mais importante mediador internacional. Por outro lado, até que ponto isso vale a pena, quando se está legitimando governos anti-democráticos?

A admiração do Obama e do Sarkozy, que disse que Lula “é o cara”, não é em vão. Crescemos muito nos últimos anos.
Se Fernando Henrique ajeitou a economia, Lula nos deu projeção internacional. Resta saber se o próximo presidente dará continuidade ao que está sendo feito de bom e melhorará o que há de ruim.


* Do Informômetro